Agricultor José Aparecido da Silva |
Preocupado com o
número de peixes que apareceram mortos em um córrego que passa por sua
propriedade, arrendatário recorre ao IAP e secretaria, mas se diz ignorado
O agricultor José Aparecido da Silva relata que uma grande
quantidade de peixes apareceram mortos em um afluente do córrego Pirapora, que
passa pela propriedade da Fazenda Janeta. Segundo ele o fato aconteceu na
sexta-feira (14) da semana passada, e desde então ele vem tentando contato com
o IAP (Instituto Ambiental do Paraná) e com a secretaria de Meio Ambiente de
Rolândia.
Silva se diz preocupado principalmente pelo fato de usar a
água para irrigar a plantação de verduras e legumes que são vendidos para as
escolas municipais de Rolândia.
Na última terça (18) estiveram no local os técnicos da
secretaria de Meio Ambiente Paulo Lovato e Paulo Roberto de Oliveira. Segundo o
agricultor os técnicos informaram que levariam a água e os peixes para análise,
porém foram embora sem a água e ao sair da propriedade jogaram os peixes fora.
Com o IAP Silva afirma ter conseguido contato também na
terça, porém a informação passada foi que os técnicos não tinham viatura para
ir ao local. A pessoa que o atendeu apenas pegou seus dados e até a última
quinta (20) ninguém retornou a ligação ou esteve no local.
Silva se diz preocupado principalmente pelo fato de usar a água para irrigar a plantação de verduras e legumes que são vendidos para as escolas municipais de Rolândia. |
Paulo Lovato foi procurado e confirmou ter jogado o peixe
fora devido ao avançado estado de
decomposição. “Era inviável fazer qualquer
tipo de análise, o peixe estava desmanchando”, esclarece.
Lovato informou que estará retornando ao local para analisar
o arredor do córrego e as propriedades vizinhas, pois há possibilidade de se tratar
de contaminação da água por agrotóxicos ou alguma atividade sazonal, já que o
caso é isolado e nunca havia ocorrido na região. “Vamos fazer todas as
investigações necessárias para descobrir a causa e evitar maiores danos ao meio
ambiente e até mesmo às pessoas que consomem aquela água”, garante.
Quanto às
verduras e legumes Lovato afirma não ter perigo, pois se trata de água corrente
e o que ocasionou a morte dos peixes certamente não está mais na água.
O chefe do IAP, Raimundo Maia Campos Junior explica que
Silva foi atendido por um estagiário que não repassou a denúncia para os
técnicos. Na sexta-feira (21) estiveram no local um técnico e um fiscal e
captaram amostras da água dos peixes e do solo para análise. Raimundo também
entrou em contato com o biólogo da UEL, Paulo Cesar Meletti que fez análise da
água e levou dois peixes para a universidade.
Biólogo da UEL faz
alerta
O biólogo Paulo Cesar
Meletti, doutor em engenharia ambiental e professor na UEL (Universidade
Estadual de Londrina) esteve no local a convite do ambientalista Adrian
Saegesser
O biólogo Paulo Cesar Meletti realizou uma série de exames na água |
O doutor realizou uma série de exames na água e constatou que
as condições dela neste momento dizem muito pouco sobre o que aconteceu naquele
dia devido ao evento já ter acontecido há quase uma semana, também pelo estado
de composição dos peixes e pela água ser corrente.
Porém Meletti levou dois
peixes para que um especialista tente fazer maiores análises na UEL.
Ele relata que geralmente os motivos para a morte de peixes são:
a falta de oxigênio na água ou a contaminação, tanto por indústrias através de
seus efluentes quanto pelas lavouras por meio de aplicações de grandes
quantidades de agrotóxicos.
Com as análises ele descartou a hipótese de falta de oxigênio,
pois em suas medições o índice está dentro do padrão e o fato de que a maioria
dos peixes encontrados ter sido da espécie muçum, parecido com a piramboia que
dificilmente morre por falta deste gás.
O professor ressalta que pelo tamanho dos peixes estima-se uma
quantidade superior a 100 exemplares mortos. “Quantidade considerável que deve
ser investigada pelas autoridades ambientais”, afirma.
Ele destaca que caso isso
volte a acontecer o IAP e a Secretaria de Meio Ambiente devem comparecer
imediatamente para coletar a água e os peixes, e assim identificar o motivo das
mortes em análises laboratoriais. “Que
isso sirva de alerta para as autoridades, já que o rastreamento da qualidade de
nossos riachos, ribeirões, rios, ainda é muito precário”, lamenta.
O ambientalista Adrian Saegesser aponta que a população paga
os órgãos públicos para agir em casos como este, porém o IAP e a Secretaria de
Meio Ambiente não são atuantes como deveriam.
Ele destaca que não é aceitável
que um evento que aconteceu na sexta-feira passada não tenha nenhuma resposta de
concreto até agora. O agricultor ainda permanece na insegurança de saber se
pode ou não continuar usando a água. “Nós pagamos estes órgãos, mas eles não funcionam”,
dispara.
Adrian ressalva que deveria ser de interesse das autoridades públicas
saber o que acontece com essa água, principalmente pelo fato de que o
agricultor fornece para as escolas, verduras e legumes irrigados com ela.
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