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sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Sindicato Rural é demolido com móveis e documentação dentro

Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Rolândia foi demolido na semana passada com boa parte da documentação dos trabalhadores, arquivos, móveis e equipamentos dentro do prédio

O presidente do sindicato, João Marques da Silva relata que por mais de 35 anos o sindicato funcionou na rua Santa Catarina 809, ao lado do antigo posto central, e que recentemente houve a mudança da sede para a Rua Tiradentes. João explica que ainda estavam selecionando o que ia ou não ser levado para a sede nova e que o sindicato nem ao menos foi avisado sobre a demolição. “Usam da autoridade e derrubaram tudo sem comunicar a gente, mas é como disse uma senhora alemã, aqui o prefeito manda fazer, e faz contrariando Deus e todo mundo”, afirma.

Nos entulhos é possível encontrar documentos como o livro ATA, a relação de membros e a ficha médica destes associados. “Os trabalhadores rurais não podem ser prejudicados, vai dar muita dor de cabeça para aposentar alguns deles”, ressalta.

O presidente relata que no prédio também haviam máquinas antigas de escrever, televisor, escrivaninhas, um grande balcão além de utensílios rurais e de cozinha. “Eu fiquei magoado com isso viu, nós pagamos nossos impostos certinhos, mas a prefeitura faz um descaso destes com o sindicato”, lamenta.

A advogada do sindicato, Karina Zanin Silva relata que foi alertada pela secretária da entidade sobre a demolição que já estava em andamento e foi até o local. Ela afirma que no dia um servidor público parou o carro da prefeitura e alertou que lá haviam coisas do museu municipal.

Karina relata que na sede eram feitos atendimentos odontológicos aos trabalhadores rurais com equipamentos da prefeitura. Ela ressalta que segundo o rapaz que fazia o trabalho, no local foi soterrado até uma cadeira de dentista junto com os materiais odontológicos.

A advogada informa que está sendo feito um levantamento de tudo que foi perdido e um oficio será enviado a prefeitura pedindo explicações sobre o acontecido.A secretaria de Cultura, Margarida Regina Hellbrugge relata que a ACIR (Associação Comercial e Industrial de Rolândia) doou para a secretaria os tecidos usados para a decoração das ruas no comércio da cidade usados no período da Copa do Mundo. Depois de retirados estes tecidos foram guardados no prédio do Sindicato Rural dos Trabalhadores e tudo se perdeu com a demolição.
Os tecidos usados pela ACIR (Associação Comercial e Industrial de Rolândia) para a decoração das ruas no comércio da cidade no período da Copa do Mundo foram doados para a secretaria de cultura retirados e guardados no prédio do Sindicato Rural dos Trabalhadores. Com a demolição todo o material também foi perdido.

A coordenadora interina do Museu Municipal confirma que estava no prédio parte do acervo museu, porém garante que com a demolição não houve perdas consideráveis, pois o que estava lá eram peças que já haviam sido danificadas no alagamento que ocorreu no antigo prédio do Museu. “O que nós não conseguimos recuperar, guardamos lá junto com cadeiras e mesas quebradas, pois nos disseram que aquele local não seria demolido tão cedo”, garante.

Prefeitura e Companhia dão explicações

Segundo Mauricio de Souza, gerente de negócios imobiliários da Companhia de Melhoramentos do Norte do Paraná a demolição do prédio onde funcionava o Sindicato Rural foi feita a pedido da prefeitura. “O prefeito me pediu para que demolisse tudo, tanto o prédio do antigo posto central quanto onde funcionava o Sindicato”, afirma.

O gerente destaca que a Companhia não tinha informações de que ali funcionava o sindicato e inclusive não tinha nenhum tipo de autorização para tal funcionamento.


Segundo Mauricio o rapaz que fez o serviço de demolição chamou o pessoal do Sindicato para retirar as coisas de dentro do prédio e eles mesmos autorizaram a continuação do trabalho.

A advogada do sindicato, Karina Zanin Silva explica que existe sim um contrato de comodato entre o sindicato e a companhia e lembra que o sindicato só foi chamado depois que a demolição já havia sido realizada.

A prefeitura em nota esclarece que: “A Administração nega qualquer envolvimento com o episódio, que envolveu entidades autônomas em relação ao Poder Público. Por outro lado, a Administração acredita que a demolição do prédio resultou em um bem para a cidade, posto que o prédio havia se transformado em mocó, o que estava gerando descontentamento especialmente dos moradores vizinhos ao mesmo.”

O terreno onde funcionava o posto de saúde central foi doado aos Vicentinos na década de 60. Este era uma área especial de uso do município e para vendê-los os Vicentinos tiveram que pedir uma autorização da câmara de vereadores que desobrigou o lote de ser uma área de uso especial do município. Assim os Vicentinos puderam vender sua parte para uma construtora que fará uma série de apartamentos residenciais.

A parte do terreno onde funcionava o sindicato pertence à Companhia de Melhoramentos do Norte do Paraná e a prefeitura vem tentando negociar com a empresa a compra ou permuta do imóvel para a construção do Novo Posto Central.

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