Gerente da Sanepar
afirma que Rolândia está com os pontos de captação em seu limite e não tem mais
onde coletar água para servir a população
Em uso da tribuna na câmara de vereadores de Rolândia, Luiz
Alberto da Silva (Tuti), gerente da Sanepar unidade Arapongas, responsável pelo
abastecimento de água em Rolândia foi claro quando na sessão da última segunda
(02) declarou que o município não tem mais rios para abastecer a cidade.
Segundo ele na procura por resolver de forma paliativa o problema de falta de água em uma determinada região foram perfurados quatro poços artesianos no valor de 100 mil reais cada, porém todos deram produtividade menor de cinco mil litros por hora. “Inviável, pois isso não abastece sequer um bairro de Rolândia”, lamenta.
Segundo ele na procura por resolver de forma paliativa o problema de falta de água em uma determinada região foram perfurados quatro poços artesianos no valor de 100 mil reais cada, porém todos deram produtividade menor de cinco mil litros por hora. “Inviável, pois isso não abastece sequer um bairro de Rolândia”, lamenta.
Tuti relata que a dificuldade para achar água é extremamente
grande, pois os rios Ema e Jaú, que abastecem a cidade, estão no potencial
máximo de captação de acordo com as outorgas emitidas pelos institutos
ambientais. “Todas as previsões que vimos em relação à falta de água é devido à
poluição, o crescimento desordenado das metrópoles e o lixo. Isso tudo já
começou a acontecer, a água está cada vez mais escassa”, alerta.
De acordo com o gerente a única solução para o futuro das
cidades da região metropolitana de Londrina será a captação através dos rios do Tibagi e Paranapanema.
Segundo ele a previsão é que uma obra para viabilizar este projeto ainda demorará
bastante para acontecer e ficará em torno de 30 milhões de reais para ser
executada.
Conforme estudos de aproveitamento realizados pela empresa Gouveia
Costa a solução paliativa para normalizar o abastecimento em Rolândia em um
período de 15 a 20 anos será buscar água do Ribeirão Três Bocas. A captação em
grande quantidade nesse ribeirão está prevista para levar a água in natura até
uma estação de tratamento a ser construída no patrimônio rural
Caramuru, e depois de tratada, abastecer Rolândia. Ainda parte deste produto
será encaminhado direto para outra estação de tratamento em Arapongas bastecendo
aquela cidade.
Bandeirantes é rio de
descarte
“Chegamos ao fundo de um poço seco”, Daniel Steidle.
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O ribeirão Bandeirantes do Norte, que corta Rolândia, antes
era usado para abastecer a cidade mas hoje é desqualificado para a captação de
água, pois é impróprio para o consumo sem condições de tratamento. O gerente da
Sanepar, Luiz Alberto da Silva (Tuti) explica que o Bandeirantes recebe resíduo
e dejetos de centenas de empresas de Arapongas e também de Rolândia como o caso
da Big Frango que despeja seus afluentes nesse rio, além de chiqueiros e
mangueirões das propriedades ao longo do rio que fazem o mesmo só que
praticamente sem nenhum tratamento.
Tuti ressalta que talvez as autoridades não se interessem em
recuperar esse rio, pois fazer todo o tratamento seria extremamente caro. “Essa
água já vem imprópria desde Arapongas e recebe mais poluição quando chega a
Rolândia”, afirma.
A reportagem do jornal MANCHETE DO POVO procurou o Instituto
Ambiental do Paraná (IAP), responsável pela fiscalização das empresas e
propriedades rurais. A informação é que o Bandeirantes é considerado um rio classe
3 reservado para descarga de efluentes das empresas e não para abastecimento
público.
Quem define isso é o Instituto das Águas e segundo o IAP os parâmetros das empresas que descartam os afluentes no Bandeirantes estão dentro das exigências do instituto. Quanto aos despejos de afluentes nos rios por parte das propriedades rurais o IAP informa que não tem condições de fiscalizar todos os municípios do Paraná e garante que qualquer cidadão pode ajudar fazendo uma denúncia que será devidamente averiguada.
Quem define isso é o Instituto das Águas e segundo o IAP os parâmetros das empresas que descartam os afluentes no Bandeirantes estão dentro das exigências do instituto. Quanto aos despejos de afluentes nos rios por parte das propriedades rurais o IAP informa que não tem condições de fiscalizar todos os municípios do Paraná e garante que qualquer cidadão pode ajudar fazendo uma denúncia que será devidamente averiguada.
Em contato com a assessoria da Big Frango a reportagem
questionou sobre a declaração do Tuti. A empresa também foi questionada quanto a denúncia feita por uma fonte que informou sobre a uma possível perfuração de um poço artesiano feito pela Big Frango.
Este poço teria esgotado a possibilidade de novas perfurações na região para abastecer alguns bairros da cidade, pois a quantidade de água usada pela empresa é extremamente grande e pode estar inviabilizando o abastecimento de água de toda uma região.
Este poço teria esgotado a possibilidade de novas perfurações na região para abastecer alguns bairros da cidade, pois a quantidade de água usada pela empresa é extremamente grande e pode estar inviabilizando o abastecimento de água de toda uma região.
Anderson Buss Cardoso, Gerente Ambiental do grupo Big Frango
informou por nota que o Frigorífico da empresa realiza o lançamento do efluente
devidamente tratado no Ribeirão Bandeirantes seguindo rigorosamente os padrões
estabelecidos pela Legislação Estadual e constantemente monitorado pelo IAP.
Segundo ele referente à captação de água subterrânea, o frigorífico possui todas as
outorgas expedidas pelo Instituto das Águas do Paraná, o qual tem o conhecimento
técnico necessário para liberação da vazão para o funcionamento da indústria de forma que não comprometa o aquífero.
Ambientalista faz
alerta
Daniel Steidle, educador ambiental alerta que a população
está sem opções para consumo de água, pois acima dos 600m não dá para pegar água do
Aqüífero Guarani, o maior manancial de água doce subterrânea
transfronteiriço do mundo que passa sob nossa região. Ele ressalta que o Bandeirantes está
poluído, o Tibagi terá sete hidrelétricas e o Parapanema é muito longe, além da
eminente falta de saneamento básico e tratamento adequado da água que piora
mais a situação. “Mas o pior, é que a população está desligada do problema”,
lamenta.
Steidle destaca que o Bandeirantes deságua no rio Paranapanema,
que será a reserva futura de Rolândia segundo o gerente da Sanepar, Luiz
Alberto da Silva (Tuti). Para o ambientalista é extremamente necessário
recuperar o Bandeirantes e lembra que o rio Tibaji estava totalmente poluído
pela fábrica de papel Klabin e depois de muito custo foi recuperado com apoio
da própria empresa. “Hoje dá para nadar de novo no Tibagi porque a Klabin resolveu
mudar. Todos os rios estão interligados e por isso não é admissível afirmar que
o Bandeirantes é um local feito para descarga”, ressalta.
Como forma de explanar sobre o tema Daniel Steidle
encaminhou um texto o qual segue publicado na íntegra.
Morrer de sede, pagar fortunas pela água ou arregaçar
as mangas?
Na
Sessão da Câmera dos Vereadores do dia 2 de dezembro ouvimos do Sr. Luis Alberto
da SANEPAR sobre a situação preocupante da crescente falta de água em nossa
região.
• O
lençol freático profundo “Guarani” apresenta água imprópria, contaminada por flúor
para Rolândia que se situa acima dos 600m.
• O Rio
Tibagi, já é bastante disputado e ameaçado por mais 7 hidroelétricas;
• Rio
Paranapanema, apontado com fonte futura, porém recebe o Rio Bandeirantes,
considerado impróprio para consumo humano e tantos outros rios poluídos;
• O Rio
Bandeirantes, colocado pelo técnico como “inviável” de ser recuperado se
contradiz com exemplo de rios severamente poluídos e revitalizados como o
Tibagi e o Tâmisa;
• Os
Poços Artesianos, como no Conjunto Perazolo, muitas vezes estão sem água (4 de
acordo com o técnico) contaminados ou de difícil localização e manutenção;
• O
atual abastecimento de água entra em colapso quando há falta de eletricidade, desperdício
e consumo exagerado;
• O
Córrego “3 Bocas” mencionado pelo técnico como fonte para água de Rolândia e
Arapongas já está sendo disputado por Londrina.
•
Processos licitatórios levam a inúmeras paradas e abandonos de obra.
• A
população desligada da problemática é somente animada a resolver a sua situação
particular comprando caixas da água.
• Não é
atacado o CERNE DO PROBLEMA: QUE É A POLUIÇÃO DA ÁGUA. Indústrias poluidoras,
atividades agrícolas agressivas e expansão urbana desordenada.
• Há a
inexplicável falta de fiscalização e controle da poluição.
CONCLUSÃO:
É totalmente inadmissível aceitar crescimento e industrialização em Rolândia
enquanto a questão básica da água não for RESOLVIDA DE FORMA COMPLETA E
SUSTENTÁVEL.
A forma
corrente de apenas “Tapar o sol com a peneira” forçosamente nos levara ao
“fundo de um poço” seco. A água, um direito básico e essencial, passará a valer
fortunas e criar dependências muito complicadas.
Seria
bem mais fácil arregaçar as mangas agora e envolver toda a sociedade em torno
do saneamento de nossos rios e riachos.
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