O serviço de Transporte
Emergencial Centralizado (TEC) está há mais de um mês sem socorristas no
período noturno, porém a secretaria de saúde explica que não é prerrogativa do
TEC atender urgência e emergência e por isso a prioridade é ter os auxiliares
de enfermagem no PA 15 horas
Motorista da ambulância do TEC há 19 anos, Antônio Jurandir
Camargo esteve na sessão da câmara de vereadores desta segunda (04) para
entregar uma carta aos vereadores com o objetivo de fazer mais um apelo às
autoridades públicas. Camargo relata que está sendo obrigado a fazer
atendimentos de urgência e emergência sozinho, pois não tem socorristas no horário
noturno.
Foi garantido aos profissionais do TEC que o SAMU absorveria
todos os atendimentos de urgência e emergência, porém Camargo alerta que o SAMU
atende Rolândia e outros 9 municípios com apenas duas ambulâncias. “Várias
vezes já aconteceu de estas duas ambulâncias estarem fora da cidade e uma emergência
acontecer”, relata.
A secretária de saúde, Gisele Freitas informa que atende a
portaria 2048, que regulamenta os atendimentos de urgência e emergência. De
acordo com a LEI o TEC deve ser utilizado apenas para transportes de pacientes
que recebem alta do hospital e em caso de acidentes sem maior gravidade em que
as vítimas estão conscientes e andando. Por isso o TEC foi construído para ser
formado por apenas um condutor, apto a realizar os primeiros socorros em casos
que não são de urgência e emergência.
Gisele ressalta que a os socorristas são auxiliares de
enfermagem que foram transferidos momentaneamente do TEC para atender à grande
demanda do PA 15h (Pronto Atendimento). Ela garante que eles voltarão assim que
as vagas do concurso público forem preenchidas.
A condição atual da saúde de acordo com Izilda Frois,
diretora de urgência e emergência em Rolândia, é que diante de tantas situações
de falta de médico no pronto socorro e no PA 15h, a secretaria contratou mais
profissionais, abriu credenciamento e hoje está conseguindo manter pelo menos
dois médicos por horário no pronto atendimento. Diante disso, com mais médicos
gerou-se mais consultas e mais procedimentos o que exige mais auxiliares de
enfermagem.
A demora no atendimento
Antônio Jurandir Camargo relata o procedimento de um
atendimento. “Quando um acidente acontece o SAMU aciona o TEC que vai até o
local. Se eu chego lá e o caso é de urgência ou emergência e não posso atender
por estar sozinho tenho que retornar a ligação para o SAMU que daí então
desloca uma equipe para o local, isso pode agravar o estado e a vítima até vir
a óbito”, alerta.
A diretora de urgência e emergência em Rolândia, Izilda
Frois reconhece que pode acontecer de o TEC ser encaminhado pela regulação e
quando chegar no local identificar que há necessidade de acionar o SAMU. “Porém
se a regulação manda o TEC para o local e ele não vai pode responder por
negligência”, alerta.
Izilda relata que já informou a regulação do SAMU em
Londrina para que não encaminhe mais atendimentos de emergência ao TEC, pois
ele está atuando apenas como transporte e não mais como ambulância. “O SAMU só
passa para o TEC situações mais tranquilas que não sejam de urgência ou
emergência”, explica.
Condutor afirma que não tem estrutura para atender emergência, mas secretária esclarece que essa não é função do TEC
O TEC atende há 25 anos e segundo o profissional Antônio
Jurandir Camargo de dois anos pra cá as condições do serviço estão
comprometidas pela falta de recursos para suporte básico a vida. Falta
materiais como atadura, um colar cervical adequado, uma prancha de atendimento
adequada, máscara de oxigenação, um cateter e até mesmo tábua imobilizadora.
Ele relata também que falta uma mochila especial para socorristas que foi
pedida há quatro anos e não foram atendidos. “Nós pedimos uma mochila por
ambulância e não por socorrista, não é caro, basta ter vontade de fazer”,
apela.
Izilda Frois, explica que o TEC não é um serviço de
atendimento de urgência e emergência e por isso não tem estes equipamentos.
“Mesmo porque os motoristas não têm o treinamento necessário para utilizar esse
tipo de material”, ressalta.
Alexandre Volpato, também é condutor do TEC e do SAMU e
relata que realmente a viatura do TEC não tem equipamento para atender
emergência, pois não foi feito para isso.
Em Rolândia são três opções, o SAMU avançado, em casos de
grande urgência e emergência com intervenção médica, o SAMU básico em casos de
alguma complexibilidade, porém de menor gravidade e o TEC em casos sem
complexidade sendo usados para os pacientes conscientes, orientados e que
deambulam (andam). O TEC participa da rede de urgência e emergência porém não
atende este tipo de ocorrência. “No passado isso acontecia, mas desde a vinda
do SAMU para Rolândia os atendimentos de urgência e emergência não são mais de
responsabilidade do TEC”, garante a secretária de saúde, Gisele Freitas.
Secretaria de Saúde não atende motorista
Antônio Jurandir Camargo, motorista da ambulância do TEC
afirma ter tentado falar com a secretária de saúde, Gisele Freitas, mas não foi
atendido. “A secretária não nos recebeu, tentamos esse contato mas não
conseguimos, somente através dos vereadores é que estamos conseguindo falar com
o poder público”, lamenta.
O setor do TEC é da área de saúde e a secretária poderia ir
até lá e ver como funciona o trabalho. “A secretária deveria conhecer os
profissionais um por um e saber das reais necessidades do setor, é muito fácil
impor alguma coisa sem conhecer o que acontece na linha de frente, de madrugada,
de domingo a domingo, prontos para salvar vidas e sem o suporte destes
socorristas nós não conseguimos atender”, ressalta.
A secretária rebate e afirma que ela foi procurada apenas
uma vez e não pôde atendê-lo naquele momento, porém garante que a secretaria
está de portas abertas para ele, e que ela estará entrando em contato com ele
para convidá-lo a ir até a secretaria.
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