Especialista usa a
tribuna e afirma que o racionamento de água na cidade acontece por falta de
planejamento e cuidado com os rios e nascentes. Ela afirma que a tendência é
piorar se nada for feito a tempo
A doutora Maria Josefa Santos Yabe (Química – UEL) esteve em
Rolândia na sessão da Câmara de Vereadores realizada dia 25 a convite do vereador
José de Paula Martins (PSD). Ela explanou sobre os perigos de contaminação dos
recursos hídricos da cidade por chumbo caso uma indústria de baterias venha a se
instalar na cidade.
Segundo Yabe a PR 170, local onde a empresa pretende se
instalar está na região de espigão de água, local onde os rios se encontram e
as águas se dividem e a industrialização ao longo do espigão Rolândia – São
Martinho é incompatível com a precária situação quanto ao abastecimento de água
na cidade. “O caminho das águas inicia no espigão” garante.
Yabe também relatou
sobre o problema de racionamento de água em Rolândia afirmando que esse
problema não acontece por falta de nascentes e rios, pois Rolândia é
extremamente rica neste aspecto, mas porque falta planejamento a longo prazo,
preservação dos recursos naturais através de fiscalização eficaz e educação da
população.
A especialista
garante que mudanças reais só serão possíveis a partir de uma educação que
exponha a realidade através de um amplo diagnóstico e do envolvimento da
comunidade.
Análise comprova solo
contaminado
Análise feita em solo de
Londrina, próximo a GNB comprova que o local está contaminado por chumbo em até
3.000% a mais do aceitável
Em sua palestra na câmara de vereadores a pesquisadora
doutora Maria Josefa Santos Yabe contou que um amigo seu pretendia construir
uma casa em um condomínio próximo da Indústria de baterias GNB, localizada nas
redondezas do shopping Catuaí. Preocupado com a contaminação do local ele
solicitou à pesquisadora que fizesse uma análise do solo onde se pretendia
construir a casa. Yabe explica que o ideal tolerável é que se encontre 20, ou
menos miligramas de chumbo por quilo de solo. Surpreendentemente a análise
revelou que no local havia 580 miligramas por quilo de solo. Segundo ela o
homem desistiu de construir próximo ao local. “Passou de 30 já é preocupante,
580 é um absurdo”, lamenta.
Yabe afirma que esta empresa é descompromissada e solta os
resíduos de madrugada para fugir da fiscalização. O pó de chumbo que é
extremamente fino se deposita no solo, nas calçadas e pode contaminar as
pessoas que tem contato com estas partículas.
Além dos condomínios, casas e prédios existem duas
universidades vizinhas da GNB e questionada sobre o perigo que os alunos correm
Yabe foi enfática em afirmar que existe a eminente contaminação por chumbo
devido à exposição diária que eles sofrem. Segundo ela as calçadas da
universidade e até as carteiras podem sofrer a contaminação e quando o aluno
tem contato com estes locais o pó fino sobe e é inspirado pela pessoa, ou
levado até a boca pela mão que passa em cima da carteira universitária. A
empresa GNB foi procurada, mas não se manifestou até o fechamento desta edição.
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Indústria de Baterias
ainda pode vir
Licencia prévia para
instalação de indústria de baterias em Rolândia é solicitada ao IAP
Foi publicada na Folha de Londrina do dia 17 de agosto de
2013 (Ed. 19.560, pág. 5 do caderno Folha Classificados), uma súmula informando
que Renato Batista Esperandio está requerendo licença prévia junto ao Instituto
Ambiental do Paraná (IAP) para a instalação de uma indústria de beneficiamento
de matéria prima para acumuladores de energia (Bateria) a ser implantada na
estrada Rolândia - Porecatu, Lote 133-A, Gleba Roland, (PR 170).
Em contato com o IAP a informação é que ainda não consta em
seus registros nenhum pedido de licença. Nelson Santos Pereira, engenheiro
responsável pelo setor de licenciamento explica que para o IAP é preciso uma
série de documentos e dentre eles se faz necessário uma carta da prefeitura
dando autorização. “A prefeitura é soberana com relação aos empreendimentos no
perímetro urbano”, afirma. Segundo o engenheiro é a prefeitura que diz em seu
plano diretor qual empresa pode ou não se instalar. Questionado ele explica que
a reciclagem de baterias é mais preocupante, pois trabalha com a fundição do
chumbo e apresentam problemas de poluição atmosférica.
GNB apresenta projeto de uma recicladora
Após três anos negando
a vinda desta indústria depois de pedido de licença prévia o prefeito Johnny
Lehmann garante que se trata de uma indústria que fará apenas as caixas de
plástico das baterias
Apesar da negativa do prefeito os fatos mostram que se trata
sim de uma indústria de baterias e para os ambientalistas e agricultores duas situações
comprovam a suspeita. Primeira é a apresentação feita, pelo próprio prefeito em
2011 do Grupo Nacional de Baterias (GNB), empresa argentina que comprou a
indústria Baterias Heifor de Londrina. Na ocasião Lehamnn apresentou Alberto
Baccarim como um dos representantes da Bradema S.A., empresa de Consultoria
Ambiental. O fato ocorreu em uma reunião na secretaria de Planejamento do
município.
Na ocasião Baccarim afirmou
claramente a intenção de instalar uma recicladora de Baterias. Outro ponto é a
clara afirmação da promotora de meio ambiente de Londrina, Solange Vicentin,
que fala sobre a decisão do Ministério Público (MP) em obrigar a Heifor sair de
Londrina devido à área urbana estar cada vez mais próxima da indústria
localizada perto do shopping Catuaí. Ela confirma a existência do processo da
possível instalação de uma recicladora de baterias em Rolândia.
Industrialização da
PR 170 deve voltar para a câmara
Em maio deste ano o executivo apresentou na câmara de
vereadores o projeto de lei 003/2013 que
visa transformar a PR 170 em área industrial, região que hoje, de acordo com o
plano diretor do município é área urbana. Segundo a frente contrária a vinda da
GNB para Rolândia este projeto visa viabilizar a instalação da empresa de
baterias. Para eles, se industrializada esta área que é extremamente fértil será
transformada em local liberado para a instalação de “Indústrias Incômodas,
Nocivas e Perigosas”, como consta na lei de zoneamento proposta no projeto. Este
não chegou a ir para plenário, mas muitos dos vereadores já se posicionaram
contra a industrialização daquela área.
Em reunião realizada no Conselho
Municipal de Meio Ambiente (COMDEMA) em maio de 2012 o então vereador e presidente
da câmara José Danilson, hoje vice-prefeito, estava presente e assumiu o
compromisso de que se um projeto para a transformação daquela área em
industrial fosse para a câmara de vereadores seria reprovado por ele.
BOX
Disputa vem desde 2010
A pergunta dos
agricultores, do Conselho Municipal de Meio Ambiente (COMDEMA) e de
ambientalistas é POR QUE TANTO SIGILO?
O sigilo é sobre a instalação de uma empresa argentina que
assombra o berço do plantio direto. Esta empresa tentou em 2011 se instalar
perto do Curtume Vanzela. Diante da negativa dos agricultores e devido o proprietário
se recusar vender suas terras, próximas ao Vanzela, a empresa recuou.
Após um ano agricultores do Km 7, PR 170, saída para São
Martinho descobriram que alguém teria comprado cerca de cinco alqueires naquela
região com a intenção de instalar uma indústria de baterias. Averiguando mais a
fundo estes agricultores levantaram a informação de que seria a mesma empresa
GNB que tentou se instalar próximo ao Vanzela.
Os agricultores novamente se uniram aos ambientalistas e com
o apoio de vários cidadãos saíram em busca de maiores informações. Junto à
secretaria de infraestrutura, por telefone o empresário Adrian Saegesser falou
com o secretário de desenvolvimento Ernesto Nogueira quando foi informado por
ele que realmente seria construída uma indústria de baterias em Rolândia.
Tal informação alarmou a população contra esta indústria que
vem desde 2012 se movimentando para obter mais informações da prefeitura, que
após a rejeição em 2011, persistia em negar a possível vinda desta indústria.
“O que se sabe, é que um empresário comprou uma área particular para instalação
de uma nova empresa na expansão do Parque Industrial de Rolândia até o Distrito
de São Martinho”, informou em nota a assessoria da prefeitura no ano de 2012. A
negativa se deu durante toda a campanha eleitoral do atual prefeito e persistiu
até agora quando o pedido de licença foi publicado na Folha de Londrina e só
então o executivo começou a afirmar que se trata de uma indústria extrusora de
plástico que irá fabricar apenas as caixas das baterias.
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